Ministérios da Cultura e
Banco do Nordeste apresentam:
Cidade Combustível: Explosões do Visível

Curadoria:
Luciara Ribeiro, Felipe Camilo e Igor Cavalcante
Algo se insinua daqui para acolá, num instante, outra coisa qualquer se modifica, outro instante, não o momento entre dois pontos, mas sim em sua duração de componentes infinitos, lampeja o movimento. Os movimentos e as corpas e corpos que os movimentam. Na imagem, se apresentam fugazes em rastros, bits, pix, urros e bips. Ritmam a fotografia com diversas eróticas, pulsões de vida e de morte, micro-gestos, macro-movimentos, climáticos, sociais, glocais, maquínicos, low-fi, slow-fashion, timelapses, pós, pós, diaspóricos, sem-terra, neo-rurais, não-binários, decoloniais, contracoloniais, urgências políticas, futuros ancestrais. Um passo adiante e já nem fomos os mesmos. O visível tem suas velocidades e movências. Desafia perceber suas sutilezas, imaginá-las. A luz não se detém, a luz não se deixa capturar, é da peleja e do delírio coletivo lhe emprestar sentidos provisórios. O Efêmero Festival Experimental de Fotografia nos convida ao movimento rápido dos olhos, aquele entre o sonho, a luminosidade e a janela, para assim povoarmos a cidade com quantos movimentos percebermos em nossas imagens. Em sua segunda edição, o evento aconteceu em Fortaleza, Ceará, Nordeste, foi uma encruzilhada brasileira de imagens. Circulam nessa mostra ao ar livre um recorte com obra de 16 artistas que nos convidam a pensar nossas relações com o visível
*Artistas:
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Adriane Kariú
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Alessandra Krueger
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Amanda Monasterio e Beatrice Arraes
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Chico Gomes
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Cola Pretta
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Farfallaja
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Fernando Gomes
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Ítalo Leite
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Malu Rolim
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Nask
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Nívia Uchôa
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Pâmila Luik
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Priscilla Sousa
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Sheila Signário
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Telma Saraiva
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Yakecan Potyguara
*recorte da curadoria original para circulação.
Sobre o festival
Mobilizado por quatro marcadores, rua, experiência, diversidade, memória, o Efêmero Festival Experimental de Fotografia é realizado em Fortaleza (Ce) numa parceria com o Ifoto - Instituto da Fotografia. “Movimento e Imagem” tematizou sua 2ª edição que aconteceu entre 25 e 30 de setembro de 2023 com apoio da Secultfor. Com ênfase Nordeste, o Efêmero é um encontro brasileiro de imagens nas ruas e encruzilhadas cearenses - por meio de exposições a céu aberto, intervenções urbanas com lambe-lambe e projeções muros afora. É um festival voltado para formação, para vivências com processos artesanais, métodos históricos e contemporâneos de fotografia e impressão. Também se volta para ações concentradas nas experiências de vida de fotógrafes e artistas em suas diversidades raciais, sociais e de gênero. Em 2023 ocorreram 11 encontros formativos que se deram em 03 eixos: Foto-Movências , Artesanias Efêmeras e Poéticas Acessíveis - este último em alusão ao setembro verde, Mês da Pessoa com Deficiência. Reunindo mais de 120 artistas, o encontro reafirma que, quando a trajetória de vida, a experiência, se impõe aos modos de fazer, temos um trabalho experimental.
A 1ª ed. ocorreu em 2021 e contou com 66 artistas, e foi honrada com a fala inaugural de Eustáquio Neves - que também atuou como curador naquele ano. Para seleção das suas mostras nesta edição, o Festival contou com as curadoras nordestinas convidadas Luciara Ribeiro (Ba), Iana Soares (Ce) e Daniela Moura (Ba). Atento aos fluxos urbanos, o Efêmero interviu em estações de metrô e paredes nos arredores. Sua programação se espalhou pelo CUCA Mondubim, Minimuseu Firmeza, Escadarias do bairro Moura Brasil, Porto Iracema das Artes, Centro de Design e Museu da Imagem e do Som. Sua programação noturna “Acender das Luzes” realizou projeções de ensaios e vídeo-loops e trouxe também as sessões das mostras de vídeos de fotolivros e de fotofilmes e filmes-carta. Para quem não pôde estar presente, as mostras audiovisuais estiveram disponíveis no youtube do evento. Essas ações do festival foram concebidas de modo a visibilizar rastros dos limiares entre a fotografia, uma arte visual, e outras linguagens como cinema, performance e poesia.
Sobre um jornal
É possível que na intempestividade da leitura brote a pergunta, o que um festival experimental, que se pretende um encontro nordestino de imagens, o que um evento que se pretende efêmero quer com um jornal? Não seria mais próprio um catálogo, sim, ou um anuário, sim?! Sim? Se um formato catalográfico dispõe nossos ditos à eternidade, ao registro estável e objetivo de um acontecimento, interessa-nos, com essa publicação, mobilidade, uma coisa ágil como uma zine, tateável, a ser manuseada sem tatos excessivos - ainda que cheia de conteúdos pertinentes e ao mesmo tempo com a leveza, a ludicidade e a atualidade de uma circular. Falamos da banalidade que pode ser arremessar um periódico na porta de uma casa sem tocar a campainha, algo que pode ser lido na fila do pão, ser riscado enquanto se aguarda o dentista ou ser catalogado e acessado em bibliotecas e acervos de livros. Se ao lermos essa jornada efêmera nos lembrarmos que as imagens que vimos nos alumbraram, nos fizeram chorar, mas também rir e nos mover, que o encontro entre fotografias potencializou encontros entre pessoas, será então sinal de que essa publicação teve bom uso. Poderá assim, porque não, seguir outras jornadas, uma página por vez, dobrada como barquinho de origami, como embrulho, ou como pôster em parede, cumprindo um papel leve para uma Folha Breve.
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